Muita gente procura a Comunicação Não-Violenta querendo amenizar a forma das falas, pra soar menos agressiva ou mais assertiva. Esquecendo que a forma é consequência da intenção, dos ensinamentos desde criança de como se portar na vida, como estar em relacionamentos, as crenças do que é certo ou errado ao se posicionar, falar, amar, ser. Primeiro eu leio o mundo e o que eu observei me afeta.. aí me expresso.

 

A comunicação não se resume à fala. Toda expressão começa na leitura de mundo. Com que lentes eu enxergo a vida? Como o recorte do que eu fui treinada a ver afeta como eu me sinto nas situações? Como eu aprendi a lidar com o que eu sinto? As frustrações inevitáveis, a raiva, a tristeza, o medo, as alegrias, o prazer. Como eu fui ensinada a expressar esses sentimentos? Que repertório eu tenho pra lidar com o que me afeta? Que repertório eu tenho pra lidar com o outro e o fato de que qualquer ser humano que eu me relacione (seja meu parceiro, filhe, mãe, chefe) existe pra além das minhas expectativas e demandas? Que repertório eu tenho pra me relacionar comigo mesma? A desconexão com a terra, a destruição da natureza, as guerras… são reflexos externos da nossa desconexão interna, da falta de cuidado e respeito com a nossa própria natureza. Relacionar-se é estar em conexão com a vida. A comunicação (não só verbal) é a expressão de como estamos nos relacionando com o mundo, com nós mesmes. O muso Emicida diz brilhantemente no álbum Amarelo que “Tudo que nóis tem é nóis” e essa frase tem ecoado como um mantra em mim.

 

Cuidar das nossas relações intrapessoais, interpessoais e sistêmicas é cuidar da vida na Terra. Não existe sustentabilidade ou regeneração possível sem observar como estamos nos cuidando. Eu acredito profundamente que Regenerar Relações é Regenerar o mundo. Como você está se relacionando com a vida?