Swaraj é um conceito que me acompanha há alguns anos e sinto ele corporificar cada vez mais. É uma palavra em sânscrito, que foi muito usada por Gandhi no processo de libertação na Índia da exploração inglesa. E que em português significa algo como governo de mim mesma.
Tão lindo isso: governo de mim mesma. Quando eu ouvi pela primeira vez essa expressão parece que rolou um click interno. O similar “autonomia” nunca tinha me batido tão forte.
Capacidade de me organizar internamente e fazer escolhas a partir do que me habita e pulsa. Organizando meu sistema e meus caminhos a partir dos recursos que estão vivos em mim.
Hoje, levo Swaraj como um estilo de vida e nutro ela em tudo que eu faço, reconhecendo cada vez mais camadas a serem olhadas. Tem a ver com me bancar. Bancar quem eu sou, bancar minhas decisões, gerenciar meus comportamentos e padrões, investir energia em conhecer minhas emoções e habilidades. Gerir minha vida, de forma consciente e regenerativa.
Nesse último ano, mergulhei fundo nesse processo de governar a mim mesma – pra além das idealizações que esse conceito trás.
Bancar quem eu sou de verdade implica descortinar muita coisa, trabalhar sombras, mergulhar fundo nos meus medos. Abandonar projeções. Arriscar errar e ser julgada. Arriscar me expressar de forma autêntica e nova, colocar limites impensáveis, não fugir de conflitos, ter conversas difíceis. Rever.
Ser dona de mim mesma é um profundo processo de desdoma e amor. A autoescuta e a relação mais afinada com meu corpo são fundamentais nesse caminho.
Escrevo de um lugar de total ciência dos enormes privilégios que envolvem esse processo de romper contratos invisíveis de dominação e submissão ao externo e às convenções culturais. E justamente por isso, escrevo. A revolução é interna e em rede.